No dia 13 de março de 1966 nascia em Olinda, Francisco de Assis de França. Aquele menino nascido e criado no bairro de Rio de Doce, que era fã de James Brown e outros grandes músicos do soul-music e hip-hop, viria a ser um grande ícone pernambuco e querido até hoje por nós, o nosso Chico Science.
CONHEÇA A HISTÓRIA DE CHICO SCIENCE
O Chico Science cresceu ouvindo rock, coco, ciranda, maracatu, hip-hop, jazz, embolada e foi dessa mistura que surgiu seu nome artístico “science”, pois além de trazer na sua bagagem vários ritmos, ele ainda gostava de computadores e chegou a produzir animações para alguns clipes.
Em 1984, Chico Science movido a sua paixão pelo hip-hop entrou para um dos principais grupos de dança de rua do Recife. Seu primeiro grupo musical formado em 1987 chamado “Orla Oribe” durou menos de 1 ano e era um grupo de Black Music.
Logo depois ele fundou a banda “Loustral”, cujo o som era um mix de rock dos anos 60, funk e hip-hop. Em 1991 ele conheceu um grupo de percussão olindense chamado “Lamento Negro”, que reunia maracatu rural, samba-reggae e diversos ritmos folclóricos. Da união da banda “Loustral” com o grupo “Lamento Negro”, surgiu “Chico Science e Lamento Negro”.
Em 1991 aconteceu o primeiro show de “Chico Science e Lamento Negro”, agora com outro nome, “Chico Science & Nação Zumbi”. O primeiro show foi no espaço Oásis em Olinda e chamou atenção da mídia, por misturar ritmos tão regionais com música eletrônica e ter uma batida característica, nascia naquele momento o “Mangue Beat”.
O Mangue Beat cresceu nas cidades de Recife e em Olinda e até hoje influencia o cenário musical brasileiro. O Chico Science com toda a sua criatividade e personalidade incluiu no seu figurino itens bem pernambucanos, como o chapéu de palha e a chita. Até hoje quando lembramos do Chico, vem a imagem dele de óculos escuros e um chapéu de palha estilo coquinho.

Foto: Carlos Ivan – Agência O Globo
DISCOGRAFIA
Com apenas 2 discos, o grupo “Chico Science e & Nação Zumbi”, formado por Chico Science (voz), Lúcio Maia (guitarra), Dengue (baixo), Toca Ogam (percussão e efeitos), Canhoto (caixa) Gira (tambor) Gilmar Bola 8 (tambor) e Jorge Du Peixe (tambor) ganhou o mundo, chegando a fazer shows na Europa e nos Estados Unidos.
“Da Lama ao Caos”, foi o primeiro disco lançado em 1994, com 14 faixas e nele músicas como “A Praieira” e “A Cidade” acabaram fazendo parte da trilha sonora das novelas Tropicaliente e Irmãos Coragem.
O segundo disco “Afrociberdélia” saiu em 1996 com a participação de Gilberto Gil, Marcelo D2 e Fred Zero Quatro. A música “Maracatu Atômico”, foi regravada e acabou se tornando o maior hino do grupo. ” Manguetown”, a décima faixa, também teve grande difusão nas rádios brasileiras.
Seus dois discos foram incluídos na lista dos 100 melhores discos da música brasileira feita pela revista Rolling Stone. Em 2008, a revista Rolling Stone incluiu Chico Science em décimo sexto lugar na lista dos 100 maiores artistas da música brasileira.
A MORTE
No ápice de sua carreira, em 2 de fevereiro de 1997 e com apenas 31 anos, sua vida é interrompida por um acidente de carro. A caminho da cidade de Olinda e em pleno carnaval, ele perde a direção do FIAT UNO da sua irmã e por falha no cinto de segurança, provada na justiça pela família posteriormente, acabava alí a vida de um dos maiores ícones da música pernambucana.
O LEGADO
Seu legado ainda está bem presente na cultura pernambucana e sua banda Nação Zumbi continua fazendo shows pelo mundo. Vir a Pernambuco e não ver presente os elementos retratados nas suas músicas, é praticamente impossível. Suas músicas são tocadas nas rádios, em bares, shows e claro no nosso carnaval até hoje.
Em 2016, Chico Science foi o grande homenageado do carnaval e foi a estrela maior do galo da madrugada. Para quem não conhece o galo da Madrugada é o maior bloco de carnaval do mundo, segundo o Guinness, e reúne milhões de pessoas nas ruas do Recife para abertura do carnaval, sempre nos sábados. Um galo gigante é erguido em cima da ponte Duarte Coelho todos os anos e em 2016 ele ganhou um óculos escuros e as cores do maracatú rural para homenagear o Chico. Com o tema “Galo, frevo e manguebeat” o galo desfilou lindo em homenagem aos 50 anos de Chico Science.
Até hoje quando as músicas tocam durante o carnaval o povo vibra, pula e canta com toda emoção. É uma verdadeira explosão, quando “Manguetown” ou “Maracatú Atômico” tocam e elas sempre estão presentes nos repertórios das bandas que animam o nosso carnaval.
- Foto: Site Oficial do Galo da Madrugada
- Foto: Carlos Ezequiel Vannoni
CHICO SCIENCE EM RECIFE E OLINDA
♦MEMORIAL CHICO SCIENCE
O Chico Science ganhou um memorial formado por três salas, que contam a sua história. Você pode programar a sua visita de segunda a sexta das 09 às 17 horas. O memorial fica no Pátio de São Pedro, Casa 21, Bairro de São José, Recife-PE.
Outras homenagens ao Chico estão espalhadas pelas cidades de Olinda e Recife, dentre elas destaco a estátua na rua da moeda no Recife Antigo e o Caranguejo Gigante da Rua da Aurora.

Foto: Sol Pulquério/PCR
♦WALKING TOUR NO RECIFE ANTIGO
Quer sentir o Recife de Chico Science? Então, te recomendo fazer um walking tour pelas ruas do Recife Antigo, passando pela rua da moeda para conhecer sua estátua e ouvir suas músicas tocando em alguns dos diversos bares que tem nessa rua. A rua da moeda é um ponto de encontro de um público, considerado “alternativo” e no carnaval acaba sendo o polo Mangue Beat. No carnaval essa rua ferve com muita música boa, com muito maracatú e muita gente feliz.
- Estátua na rua da moeda
- Chico Science
♦PASSEIO DE CATAMARÃ POR RECIFE E SUAS PONTES
Outro passeio imperdível na cidade do Recife é passear de catamarã pelos rios e pontes, conhecer a história da cidade e ver de perto o mangue e a “cidade” que inspirou Chico Science nas suas músicas. Num dos pontos do passeio, você poderá ver a escultura do caranguejo gigante, símbolo do movimento Mangue Beat, que fica na rua da Aurora.
- Praça do Marco Zero – ponto de saída do catamarã
- Rua da Aurora de dia
- Mangues
- Escultura em homenagem ao movimento Mangue Beat – Foto: http://www.overmundo.com.br/guia/praca-da-rua-da-aurora
♦WALKING TOUR NO SÍTIO HISTÓRICO DE OLINDA
Além de explorar o Recife, vale a pena ir no sítio histórico de Olinda. Na cidade onde Chico nasceu, ele virou nome de uma das principais avenidas da cidade. No centro histórico de Olinda, você verá grafites homenageando ele e por sorte poderá ouvir um dos muitos ensaios dos grupos de maracatu e acabar se contagiando com o ritmo.
No sítio histórico de Olinda, você também pode fazer um walking tour pelas igrejas tombadas pela UNESCO, comer uma tapioca na praça da sé e sentar em alguns dos bares da rua 13 de maio ou na rua de São Bento e curtir todo o clima da cultural cidade e com certeza acabará escutando as músicas de Chico Science.
- Igreja do Carmo em Olinda
- Prefeitura de Olinda
- Vista do Alto da Sé de Olinda e Recife
Espero que você tenha gostado de conhecer um pouco mais sobre esse ícone pernambucano. Venha conhecer o meu estado, que é lindo e multicultural.
Conheça mais da obra musical do Chico Science no youtube, vai ser impossível não se contagiar com a batida.
*Esse post faz parte de uma blogagem coletiva do grupo de blogueiros do “Viaje pelo Nordeste” e foi publicado hoje em homenagem ao dia do Nordestino.
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Um grande beijo, Carol.
4 comentários
Amei saber de tudo isso . A batida das músicas são inebriantes.
Realmente este foi um artista irreverente e marcante para o cenário musical pernambucano e para o mundo também.
Sempre ouvi falar dele, principalmente quando toca Maracatu Atômico, mas nunca me interessei por sua história, assim fico feliz em ler este relato.
Obrigada por partilhar!
muito verdade! aqui em Pernambuco sua obra e seu ritmo estão muito presentes. Batida única!
Eu vou te contar uma história, tem gente que não acredita quando eu conto… pois bem: ERa um domingo e eu tava escutando o “Afrociberdelia”, que meu pai me presenteou no natal de 1996, Naquele tempo era cd, ent]ao eu desliguei o som, guardei o CD e liguei a TV. Tava passando um jogo de futebol na Band. Joguinho meio chato, nem tava prestando atençã…foi quando lá pelas tantas, o narrador anunciou “Morreu o cantor e compositor Chico Science”… sabe quando você escuta uma coisa e não percebe de onde veio, sobre o que é? pois…. nem dormi aquela noite.
Vou te dizer, não era fã de Nação Zumbi, não era “mangueboy”, mas aquilo tudo acontecendo aqui no nosso estado, eu achava massa. Fora que teve um monte de outras bandas também… mas assim são as coisas… Quem sabe o que Chico estaria fazendo hoje, com seus 53 anos?